O REALISMO
O Realismo surge no século xIx em reacção ao romantismo, e desenvolve-se baseado na observação da realidade na razão e na ciência. É um movimento artístico que surge em França e cuja a influência se estendeu a inúmeros países europeus. Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais, sendo também objecto de acção contra o capitalismo progressivamente mais dominador.
Das influências intelectuais que mais ajudaram no sucesso do realismo denota-se a reacção contra as excentricidades românticas e contra as falsas idealizações da paixão amorosa, bem como um crescente respeito pelo facto empiricamente averiguado pelas ciências exactas e experimentais e pelo progresso técnico. Á passagem do romantismo para o realismo, corresponde uma mudança do belo e ideal para o real e objectivo.
Gustave Courbet
Courbet foi o primeiro pintor a praticar deliberadamente a arte realista. Esta grande tela possui varias características realistas como o uso suave das cores, a luz parcial, a tentativa de retratar pessoas normais de classe baixa e mais importante, a tentativa de manter o quadro mais real o possível sendo o inverso da arte idealista que é cheia de grandezas e nobres. Quadros como este chocaram o público e a crítica com a rude franqueza dos seus retratos de operários e camponeses em cenas da vida diária. Como se pode observar, Courbet pintava com tanta precisão que muitas de suas obras foram consideradas como protesto social.
Gustave Courbet (
Ornans,
10 de Junho de
1819 —
La-Tour-de-Peilz,
31 de Dezembro de
1877) foi um
pintor anarquista francês pertencente à escola
realista. Foi acima de tudo um pintor de paisagens campestres e marítimas onde o
romantismo e idealização da altura são substituídos por uma representação da realidade fruto de observação directa. Esta busca da
verdade é transposta para a tela em
pinceladas espontâneas que não deixam de lado os aspectos menos
estéticos do que é observado.
Courbet nasceu numa família de proprietários de terra de
Besançon, na
França. Depois de frequentar um colégio na mesma cidade, começou a ter aulas de pintura e iniciou seus estudos de direito em
Paris. Finalmente decidiu estudar desenho e pintura por iniciativa própria, copiando os grandes mestres no
Louvre, principalmente
Hals e
Velásquez. Suas primeiras obras foram uma série de auto-retratos. Em 1844 expôs pela primeira vez no
Salão de Paris e dois anos mais tarde apresentou os quadros Enterro em Ornans e O Ateliê do Artista, que lhe custaram críticas severas e a recusa do Salão de Paris devido aos seus temas demasiadamente prosaicos. Courbet não se deu por vencido e construiu um pavilhão perto do Salão, onde expôs quarenta e quatro de suas obras, que chamou de
realista, fundando assim esse movimento.
O público não viu com satisfação essa nova estética das classes trabalhadoras. Courbet, enquanto isso, se reunia para compartilhar opiniões com seus amigos, entre eles o pintor e notável teórico
anarquista Proudhon, o escritor
Baudelaire e o irónico caricaturista
Daumier.
Já se discutiu muito sobre os motivos que teriam levado Courbet a escolher os trabalhadores como tema. De fato, os homens de seus quadros não expressam nenhuma emoção e mais parecem parte de uma paisagem do que seus personagens. Courbet se manteve, nesta etapa realista, muito longe do colorismo
romântico, aproximando-se, em compensação, do realismo tenebroso espanhol do
barroco, com uma profusão de pretos, ocres e marrons, banhados por uma pátina cinza. Comprova-se isto no seu quadro mais importante, O Ateliê do Artista (1855), em que manifestou sua desaprovação em relação à sociedade.
Por volta de 1850, o
realismo de Courbet foi se apagando e deu lugar a uma pintura de formas voluptuosas e conteúdo
erótico, de figuras femininas no estilo de
Ingres, mas mais descarnadas. A elas seguiu-se uma série de naturezas-mortas, quadros de caça e paisagens marinhas que confirmaram sua capacidade criativa e técnica impecável. Por volta de 1870, Courbet foi acusado de ter destruído uma coluna da praça
Vendôme, o que levou o pintor a se mudar para
Viena. Em Paris, suas obras foram rejeitadas, e o ateliê do artista foi leiloado para pagar a restauração da coluna.
Mulheres peneirando trigo, Nus. De Belas-Artes — Nantes
Auto-retrato com cão, Nus. Do Petit Palais — Paris
Jo, a bela irlandesa, Nus. Nacional — Estocolmo
O sono, Mus. do Petit Palais — Paris